Titanic - uma aula de história 2
Na edição passada do JH, incluímos um texto associando a tragédia do Titanic com as possíveis lições de História ligadas ao acontecimento. Foi a matéria mais comentada da nossa segunda edição do JH. Recebemos muitos elogios, sugestões e perguntas sobre o mesmo assunto. E atendendo nossos leitores vamos continuar o tema, respondendo algumas dúvidas dos leitores e acrescentando novos dados.
Quem viu o filme no cinema, com certeza ficou impressionado com o tamanho do Titanic. Apesar de se tratar de cinema, o diretor James Cameron construiu um réplica fiel do transatlântico. Enquanto o verdadeiro Titanic media 269 metros de comprimento, o que vimos nas telas tinha aproximadamente 220 metros. Esse dado nos mostra um dado histórico muito importante. Estamos tratando de um fato ocorrido em 1912, início do século e o dado marcante é perceber que a burguesia européia da época investe como nunca em transportes de luxo. O Titanic, não era o único grande transatlântico da época. A Wite Star Line, empresa de transportes marítimos inglesa da época, encomendou aos estaleiros Harland & Wolf, três cascos que dariam origem ao Olimpic, Titanic e Gigantic. O custo de cada um: 7,5 milhões de dólares ou 300 milhões em valores atualizados. Só o Gigantic não saiu do projeto. A Wite Star Line tinha concorrentes fortes como a Cunard Stean, proprietária de outros grandes navios. Celtic, Lusitânia e Mauritânia eram o máximo de luxo, conforto e rapidez no mar. O projeto Titanic visava desbancar seus concorrentes. Historicamente, lendo documentos da época, vamos descobrir que a propaganda e o marketing estão nascendo na época. Em notas promocionais nos jornais da época, chegou a se divulgar que em se tratando de segurança o "Nem Deus afundaria o Titanic". Não cabe aqui uma discussão religiosa para sabermos se Deus "vingou-se" dos pobres náufragos. Mas é fato que a grande burguesia da época não tem dimensão da sua própria arrogância. No filme podemos perceber que as instalações do Titanic, reproduzem tudo que uma cidade possui, só que flutuante. Bares, piscinas, igreja, salões de beleza, salão de jogos tudo com muito luxo. Tudo só para a 1a classe!
Consciente do seu domínio sobre a máquina, o homem passou da fase da construção de grande navios de luxo para passeios, para a fase do uso desta tecnologia para a máquina de guerra. Por isso nos referimos a este aspecto no texto anterior. Em menos de cinqüenta anos o homem passou dos combates a cavalo, para a guerra de "lança chamas", tanques de guerra, metralhadoras e aviões! A Primeira Guerra Mundial para alguns historiadores é a perda definitiva da inocência do homem na "arte" de matar seus inimigos.
Se você tiver vídeo em casa, tempo e grana, procure em sua locadora a fita que leva o nome "Titanic". Não é o filme premiado com o Oscar. Trata-se de uma mini série produzida na Inglaterra na mesma época que o filme do cinema. Apesar de percebermos que o navio do filme é de papelão, as tramas que envolvem os personagens reproduzem bem como os ricos da época são pegos de surpresa com a tragédia! Destacaria a cena em que a personagem Anny, insiste com o telegrafista que mande uma mensagem ao seu marido! Ela está pedindo divórcio porque decide na viagem com o Titanic ficar com o amante. Os telegrafistas no entanto estão repletos de trabalho, recebendo mensagens de outros navios sobre os "icebergs". A personagem insiste até ser atendida, enquanto os avisos de perigo ficam de lado.
Bem, o resto todo mundo sabe! O choque com o "Iceberg", no Atlântico Norte fez com que o Titanic afundasse a 4 quilômetros da superfície. Mais de 1500 pessoas morreram congeladas no mar sem chances de socorro. Após o impacto e a abertura no casco do navio, os tripulantes mandaram vários sinais de S.O.S aos navios próximos. O Carpatia que recebeu a maioria das mensagens chegou muito tarde. Logo nos primeiros dias após a tragédia, as investigações revelaram mais erros dos responsáveis pelo Titanic. Além dos botes salva-vidas serem insuficientes, os que saíam do navio iam com vários lugares vazios. Muitos homens, inclusive Bruce Imay, construtor do Titanic, disfarçou-se de mulher para poder ir nos botes. Lembrando que a "lei do mar", imperou na madrugada de 15 de abril de 1912; "Mulheres e crianças primeiro". Faltavam binóculos para os marinheiros da vigia. Assim eles não viram a tempo o imenso "iceberg". O substituto do comandante Edward Smith ordenou manobras erradas ao perceber que iria chocar-se à frente.
Hoje o Titanic é uma sombra no passado de ingleses e americanos. No entanto o cinema de uma forma muito competente, transformou a tragédia num espetáculo jamais visto. É o filme mais caro da História do cinema, 250 milhões de dólares. Junto com "Ben Hur", Titanic é o filme que mais Oscar recebeu, 11 no total. Só em bilheteria já faturou mais de 1,5 bilhões de dólares! O CD com a trilha sonora, é o mais vendido a meses em diversos países! O tema central "My Heart Will Go On", interpretado pela cantora Celine Dion é a mais tocada nas rádios do mundo. A última lição que o Titanic, nós dá então, está relacionada ao domínio cultural norte americano que persiste a décadas e espalha-se pelo mundo atraindo multidões, seja no apelo sonoro, no caso das músicas, seja no apelo visual através do cinema!
Nenhum comentário:
Postar um comentário