Projeto História e Cinema. Memórias do Cárcere.

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MEMÓRIAS DO CÁRCERE

ficha técnica:

Baseado na obra de Graciliano Ramos, "Memórias do Cárcere"

Direção: Nelson Pereira dos Santos / Ano de produção: 1984

Duração: 124 minutos / Categoria: Drama histórico

Elenco: Carlos Vereza, Glória Perez, Jofre Soares, José Dumont

Participações: André Villon, Monique Lafond, Silvio de Abreu

Recomendações: 14 anos (cenas de nu masculino e homossexualismo masculino), ritmo lento, diálogos densos, personagens enigmáticos.

Conteúdo histórico: Anos 30. Período que compreende às vésperas do Estado Novo até os anos 40. A polícia política de Getúlio Vargas, persegue os inimigos políticos do populismo varguista. As conseqüências físicas, morais e psicológicas para os militantes presos de esquerda da época. Como eram as prisões e o tratamento dispensado aos políticos partidários da ANL (Aliança Nacional Libertadora). A prisão e deportação de Olga Prestes. 

Crítica: Com um tom seco e direto como na obra de Graciliano Ramos, MEMÓRIAS DO CÁRCERE, trata de forma densa e comovente da condição humana. Realizado em 1984 pelo já consagrado cineasta Nelson Pereira dos Santos - um dos fundadores do cinema novo - Memórias do Cárcere conta a experiência vivida pelo escritor Graciliano Ramos após ser preso em Alagoas, suspeito de colaborar com a Aliança Nacional Libertadora (ALN). Graciliano Ramos que em 1936 ocupava o cargo de diretor da Instrução Pública do Estado de Alagoas é conduzido ao Rio de Janeiro onde sofre humilhação na Prisão da Ilha Grande. Da sua vivência escreve, 15 anos depois, Memórias do Cárcere.

Com a palavra o diretor do filme, Nelson Pereira dos Santos!

"O Cárcere em meu filme é uma metáfora da sociedade brasileira. No espaço da prisão a dinâmica de cada um é mais clara: a classe média militar, o jovem, a mulher, o negro, o nordestino, o sulista. O encontro com o prisioneiro comum, o ladrão, o assaltante, o homossexual. Graciliano Ramos retratou tudo isso, lutando contra os próprios preconceitos e conseguiu nos deixar um testemunho generoso aberto. Gostaria de transmitir como era o desejo de Graciliano, a sensação de liberdade. Sair da cadeia no sentido mais amplo, a cadeia das relações sociais e políticas que aprisionam o povo brasileiro."

Nelson Pereira dos Santos

O que observar no filme? Fique de olho!

1 - Logo na abertura do filme, o choque de militantes da ANL e AIB. Nos diálogos, durante todo o filme, há várias críticas ao governo de Getúlio Vargas.

2 - A situação das prisões no período do Estado Novo.

3 - A prisão de Olga Prestes, mulher de Luís Carlos Prestes, que grávida foi deportada aos campos de extermínio nazistas na Alemanha de Hitler. Ela aparece na ala feminina da segunda prisão de Graciliano Ramos.

4 - O processo de desumanização dos presos políticos. Compare a 1ª prisão de Graciliano Ramos e a última na Ilha Grande. 

5 - Relembre que enquanto o DIP (Departamento de Imprensa e propaganda), enchia os cinemas, o rádio, os jornais e revista de propaganda positiva sobre o país, nos porões da ditadura varguista, só havia violência, corrupção, morte, injustiças e desumanidades.

VideoDoni® - junho de 1999.